indie lusitano #3: Perpétua
Música em clima retrô para reunir os amigos e ensaiar passinhos.
*Pode gostar se curte: o bom pop/rock brasileiro dos anos 1980 :)
Em 2019, o músico Diogo Rocha lançou uma ideia a três amigos com caminhos diferentes na música, mas referências em comum: montar uma banda. Com a pausa obrigatória em 2020, sem aulas e com os compromissos adiados, eles usaram o tempo para trabalhar e produzir as músicas. Estava formada a banda Perpétua, com Beatriz Capote (voz e teclados), Diogo (guitarra), Rúben Teixeira (bateria) e Xavier Sousa (baixo).
Em 2020, a banda lançou o single Condição (uma deliciosa canção pop, com um refrão que faz os ombrinhos dançarem). Foi a primeira música composta pelos quatro e que, para eles, mostrava bem o que seria o Perpétua.
Eu era o amigo dos três há largos anos, e a vontade de começar a banda foi também uma consequência de os conhecer. Como é natural entre amigos, fomos trocando coisas de que gostamos, e ao fazê-lo notei que já havia bastantes referências em comum, por isso decidi lançar-lhes o desafio. Acresce a isto o facto de os considerar ótimos executantes e pessoas criativas – Diogo
Em março de 2021, saiu o disco Esperar para ver ( ouça no Spotify ou no YouTube). São nove faixas com referências que vão do indie rock, passando pela disco ao pop alternativo.
O videoclipe do single, lançado em setembro, foi gravado nas salinas de Aveiro, terra natal da banda. No vídeo, eles caminham descontraidamente por entre marinhas geometricamente desenhadas, com o vento despenteando os cabelos (de Beatriz), coreografias e a cidade de fundo. A escolha do local pela banda foi intencional, para "ter algo esteticamente forte e suficientemente identitário".
A faixa rendeu ainda o nome do disco. Ele aparece no verso “não vou esperar pra ver”, que representa alguma inquietação e impaciência, estados relacionados com a narrativa da canção. Beatriz explica como a ideia levou ao nome:
Decidimos pegar nas palavras ‘esperar pra ver’ para nome do nosso primeiro disco, que ironicamente representa o contrário do contexto da Condição, ou seja, após a compilação destas canções originais que abordam temáticas semelhantes, mas nem sempre tão semelhantes entre si relativamente ao gênero musical/sonoridade, fica a ideia de expectativa e de algum fervor por saber o que vem a seguir, da nossa parte e da parte dos ouvintes, esperamos nós :D- Beatriz
Esperar Pra Ver reflete também o bom entrosamento do quarteto no quesito referências – somam-se aqui influências familiares, as trilhas das viagens de carro e o lado pessoal de cada um, trabalhando ou estudando música.
Pessoalmente, desde cedo que a música falou mais alto do que qualquer outra coisa e sempre fui esboçando sonhos de gravar discos, deixando o meu contributo para o tão abrangente mundo da música com alguma coisa original e autêntica. A banda Perpétua surge como uma oportunidade de criar e explorar num estilo muito catchy, colocando-me sempre novos desafios. – Beatriz
Desde pequeno que um dos meus maiores sonhos era tocar em grandes palcos e gravar inúmeros álbuns (de estilos diferentes), uma vez que sempre estive ligado a imensas vertentes musicais. E talvez seja o que torna este álbum especial. Antes de mais, por surgir como um grande desafio (visto não ser um dos estilos musicais que estava na minha lista de prioridades), e depois claro, por ser "cozinhado" com 3 bons amigos. – Rúben
O segundo single foi Perdi a Cor, faixa que vem circulando bem nas rádios portuguesas e que ganhou um clipe divertido:
Na imprensa portuguesa, algumas resenhas sobre o disco citaram muito referências do rock português dos anos 1980 no trabalho da banda. Mas pra nós que estamos chegando agora nessa playlist, quais seriam essas principais referências da Perpétua?
Por vezes nem somos nós próprios que fazemos essa referência à música portuguesa dessa década, mas é uma comparação que aceitamos com gosto e tentamos cultivar. Uma das bandas a quem nos comparam mais frequentemente são os Rádio Macau. Algumas músicas deles têm uma ambiência dream pop, um estilo que está bem patente no Esperar Pra Ver. As Doce tem músicas super divertidas e dançantes, e a Mexe-te Mais Um Pouco, da Ágata, é uma música que cabe em qualquer playlist que queira transpirar estética retro. Outra banda menos conhecida, mas que acabou por nos inspirar foram os Zoom, que cantam em inglês, mas de quem podemos destacar dois singles fenomenais: You are The Love Of My Life e This Will Be The Last Time. - Diogo
Pronto para dar play?
E por último, mas não menos importante…
Para quem não sabe Aveiro é uma cidade na costa oeste portuguesa fundada junto a uma laguna conhecida como ria de Aveiro e chamada de “Veneza de Portugal”. Fica entre Porto e Coimbra, a pouco mais de duas horas de Lisboa. Super fácil de colocar no seu roteiro. Beatriz contou o que há de mais fixe (legal) na cidade:
As salinas são sem dúvida uma atração inadiável, juntamente com um passeio pelos canais da ria de Aveiro que entram no meio da cidade, sobre um moliceiro, um barco muito elegante que normalmente está decorado com pinturas que ridicularizam situações do dia a dia, e cujo fim foi em tempos a apanha do moliço.
Sem provar o doce tradicional “ovo mole”, numa das esplanadas da Praça do Peixe, a viagem também não fica completa. As praias são também muito bonitas, com destaque principal para as casas típicas da Costa Nova, que circulam por todos os àlbuns de fotos de férias de todo o turista que visita Aveiro ;) - Beatriz
Agora os verdadeiros moliceiros :) e os tais ovos moles!!
OUTROS PITACOS…
Dar um rolê pelo mundo, ao som de... Para quem gosta de música e anda com saudades de viajar por aí, o site Drive and Listen pode amenizar um pouco dessa angústia e também te ajudar a planejar novas viagens. Ao entrar nos site, você passeia de carro pela cidade. Você pode mudar de rádio e de cidade. Do Brasil, há São Paulo, Rio de Janeiro e Recife, que entrou na plataforma em julho.
O boom do rock português em 40 músicas: para quem quiser saber mais do rock português dos anos 80, a revista Bltiz fez um compilado em 2020 sobre os 40 anos da virada no gênero no país. Está ali um pouco da história da nova cara do rock português na época, canções e artistas que foram responsáveis pela mudança.
Quem foi Lizandro, gente? Esses dias procurando por dicas de praias para visitar perto de Lisboa encontrei a Praia da Foz do Lizandro, em Ericeira (Mafra). A revista Time Out traz a seguinte descrição: "praia semi-abrigada dos ventos do Oeste graças ao Lizandro, rio com nome de cantor romântico brasileiro que escavou um vale naqueles montes". Estou há duas semanas procurando qualquer pista sobre o Lizandro e não encontro nada. Agradeço imenso qualquer pista.