Pegue parte do seu sobrenome, adicione guitarra, baixo e outros instrumentos e ainda pitadas de curiosidade musical. Está aí a receita do Velhote do Carmo, cujo EP de estreia, Páginas Amarelas, foi lançado no final de 2022. No roteiro, seis faixas que trazem uma pop leve feita por um artista a procura de um lugar próprio na música (e na vida).
Ricardo Alexandre Fernandes Velhote do Carmo Pereira já é conhecido na cena alternativa portuguesa. Vem de São João do Estoril e, entre outros projetos dos quais já participou, é baixista dos Zanibar Aliens (quarteto de rock de Cascais que divide com Carl Karlsson, Filipe Karlsson e Diogo Braga). Músico multi-instrumentista, produtor, fotógrafo e videomaker, percebeu em um dado momento que era hora de o que resultava as ideias musicais que tinha na cabeça. A pausa imposta pela pandemia ajudou no passo solo.
O passo a solo não foi nada mais nada menos do que uma maneira de descobrir como é que eu soava a tocar tudo, tinha muita curiosidade em saber como soavam as ideias que pairam neste cérebro, interpretadas por mim. A entrada na pandemia revelou-se o tempo certo para pôr em prática essas ideias e perceber como soavam - VC
Mau Andar (canção sobre aquele momento em que estamos esperando algo acontecer sem saber ao certo que esperar) e Saco de Boxe (sobre o recomeço após uma desilusão amorosa) foram escolhidas com singles do discos e ganharam videoclipe, ambos com uma estética retrô e resgatando o velho catálogo telefônico de serviços (houve um tempo sem internet e Google), as famosas Páginas Amarelas, que dá nome ao EP.
Em Portugal havia um slogan muito recorrente que era “Encontre as soluções para os seus problemas nas Páginas Amarelas”! E, como o meu “problema” era não saber como soava e como as minhas músicas ficariam, acabei por usar esse nome como sátira à minha própria procura - VC
A música acompanha Ricardo desde muito cedo. Aos 5 anos já se sentava "no chão à frente da aparelhagem com auscultadores postos a ouvir em loop (na altura) Jimi Hendrix". No EP, ele reuniu a panóplia de sintetizadores e as guitarras antigas que coleciona para dar vida às suas canções.
Acabei por entrar na rotina de ir ouvindo muita música até que um dia vi uma guitarra pela primeira vez e nunca mais a larguei. Resumidamente, fui tocando com várias bandas na adolescência, até que encontrei Zanibar Aliens, onde fiz a minha estreia como baixista. A partir daí a guitarra passou a ser usada mais na composição de músicas a solo - VC
A letra de Vai e Vem talvez explique bem o teor do EP, dotado de uma agradável simplicidade, que faz a gente pensar em algumas decisões e caminhos escolhidos, mas sem que nada fique muito pesado. Aquela cena de pegar o carro em uma estrada vazia, com a praia caminhando junto ao lado, onde a gente vai refletindo sobre os vais e vens da vida, o que não deu certo, o que deu, o que ainda pode acontecer.
O primeiro show do trabalho solo foi em dezembro, e ele conta que apesar de estar acostumado aos palcos tocando com os Zanibar, foi uma experiência diferente.
Foi um feeling “estranho” (no bom sentido da palavra, claro), porque foi a primeira vez que estava no meio do palco, a debitar versos e refrões, falar com o publico, tocar guitarra e tentar não estar nervoso (ahah). Mas foi, sem dúvida, uma noite memorável para mim - VC
Os Zanibar Aliens estão na ativa desde 2015 e já lançaram quatro discos. Segundo Rodrigo, a banda volta para mais shows em 2023. O quarteto canta em inglês e toca o rock clássico no estilo anos 70.
Se for a São João do Estoril…
Em Lisboa, basta pegar a linha de trem que vai para Cascais para chegar a São João do Estoril. A região era, inicialmente, uma das zonas balneares eleita pelas famílias mais abastadas para construírem suas casas de férias. Rodrigo (assim como os demais integrantes dos Zanibar Aliens) veio dessa zona de Portugal e deixa algumas dicas do que vale a pena conhecer por lá:
Digo-te que em São João tens a bela praia da Azarujinha (a minha favorita), tens o PDG (Parque das Gerações) que é um skatepark muito cool onde se pode passear cães e tudo! Para comer sugiro um restaurante chinês que me "mata" sempre que lá vou, chama-se Hua Guang. É barato e o atendimento é incrível (Beijinho Yan!). Para o final do dia ou para beber um copo sugiro a SMUP (apesar de ser na Parede, mas fica a dez minutos de São João!), que é uma sociedade musical centenária na qual passo muito tempo. Tem concertos, teatro, bar e snooker! Perfeita para uma bela noite - VC
E há ainda: a história dos Banhos de Poças, como eram chamados os tratamentos feitos com as águas termais que brotavam junto à praia da Cadaveira (leia aqui) e que ajudaram a desenvolver a zona entre finais do século 19 e os primeiros anos do século 20, e ainda a história do castelo assombrado mais famoso de Portugal, o Castelinho de São João do Estoril.
Outros pitacos…
Sónar, Primavera Sounda, NOS Alive, MEO Kalorama, Cooljazz, entre outros. Aqui você confere a agenda dos festivais que vão rolar em Portugal em 2023.
Agenda de shows (gringos e de artistas locais) em Lisboa e outras cidades durante o ano.
O Música sem Capa é um ótimo perfil pra você que gosta de música e mora por aqui ou está planejando sua viagem para Portugal ficar por dentro de tudo o que rola pelo país em termos de eventos mais locais. Tem uma ótima agenda de shows e boas dicas do que ouvir:
Por fim, mas não menos importante… a nossa playlist: